Offline
Ditadura do judiciário - Quem ainda duvida?
Publicado em 24/07/2025 07:55
Política

Por Alex da Matta

Metade do Brasil perdeu a capacidade de reconhecer um poder avassalador quando vê um. A cúpula do Judiciário comanda um inquérito há 6 anos que já censurou previamente, bloqueou, multou, tomou o passaporte de centenas de pessoas por postagens nas redes, de forma sigilosa e preventiva.

Pra imprensa, os próprios ministros admitem que a investigação infinita serve para blindar o tribunal. Estamos vendo uma explosão de deputados respondendo no STF por publicações na internet. 46 processos no total, sendo 40 deles envolvendo deputados de direita.

Mas vai além: Marcel van Hattem foi o primeiro a ser investigado criminalmente por fala na tribuna desde Moreira Alves, em 1968. E também uma explosão de ativismo judicial. Um editorial do Estadão mediu que a média de declarações de omissões constitucionais saltou de duas por ano entre 1990 e 2018 para 13 por ano desde 19.

Fomos o primeiro país do mundo a regular redes via Judiciário: nem ditaduras tiveram coragem. Vemos nenhum decoro e muito deboche. Um ministro diz que derrotou um espectro político, outro vai em samba de posse do Lula, um terceiro que era juiz eleitoral troca cargo com um ministro da Justiça, só pra ficar em alguns exemplos.

Fazem megaevento em Lisboa, se encontram junto com membros do governo em sigilo para avaliar cenários, mandam recado na imprensa, adiantam decisões, etc. Durante todo esse tempo, esses personagens se apresentam como vítimas permanentemente ameaçadas que agem estritamente em função das circunstâncias, e que precisam de cada vez mais poder para lidar com elas. E têm sua versão dos fatos veiculada justamente por grupos mais associados ao poder. Metade do Brasil viu isso até agora e continua acreditando que a ameaça autoritária são os outros, e não o monstro com todos os meios de ação para fazer tudo e mais um pouco e passar por cima de qualquer obstáculo.

Acreditam em vítimas crônicas que, paradoxalmente, mandam em tudo. Uma boa parte são simplesmente cínicos, mesmo.

Comentários